FERRO EM CARAJAS, O FIM ESTA PROXIMO!
A tabela acima demonstra o cronograma esperado de
produção de minério de ferro pela Vale, em Parauapebas, mediante a
expansão das minas atuais. O projeto Adicional 40 Mtpa já se encontra em
andamento. Alguém ainda tem dúvidas de que, a partir de 2027, a coisa
vai ficar preta? Essa tabela consta do estudo encomendado pela empresa
para pautar seu projeto de expansão e abertura de novas cavas. No
próximo texto, você verá como a mineradora visualiza Parauapebas após o
fim da atividade da indústria extrativa.
EXPANSÃO DAS MINAS
Com a expansão, cavas se multiplicarão e minério de ferro acaba em 2027
Anote na agenda: em 2027, se o plano de expansão das minas de
Carajás der certo, e com a capacidade produtiva aumentada dos atuais 110
milhões de toneladas por ano (Mtpa) para 150 Mtpa, todo o minério se
esgota, e o último que sair apague a luz.
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Não pense que só porque o
minério já está com data marcada para este ou aquele ano que a produção
não pode aumentar e, ao mesmo tempo, diminuir sua vida-útil. Pode, sim, e
é essa a intenção. Ao cruzar as 235 páginas do Relatório Anual 2012, da
Vale, publicado este ano para a CVM dos Estados Unidos, com outras 113
folhas do Relatório de Impacto Ambiental (Rima) elaborado pela Amplo,
consultoria contratada pela mineradora para fazer o estudo que detalha
até quais espécies de animais e vegetais precisam ser removidos para a
mineração passar, é possível ver que o fechamento das minas ocorrerá
mais rápido do que se imagina e que, muito pior, Parauapebas vai
enfrentar problemas econômicos gravíssimos exatamente quando o vizinho e
filho Canaã dos Carajás estiver bombando.
Na mais nefasta das
lembranças, tudo o que Marabá passou com relação a Parauapebas, ao ter
perdido a parte mais rentável de minérios, Parauapebas passará com
relação a Canaã. Muitos voltarão a assistir ao mesmo filme triste caso
um planejamento estratégico não seja pensado para o presente e o futuro
do hoje rico município.
No tocante à expansão das minas em Serra
Norte, isso já é fato praticamente consumado e se chama Adicional 40
Mtpa. Com os 150 Mtpa do Projeto Ferro Carajás, em Parauapebas, somados
aos 90 Mtpa iniciais de S11D, em Canaã dos Carajás, a Vale venderá 240
Mtpa do melhor minério de ferro do mundo, uma quantidade suficiente para
erguer em 365 dias 40 mil torres Eiffell, aquela que é o símbolo de
Paris, capital francesa. Evidentemente, quando a produção de Serra Norte
começar a recuar, a empresa aumentará o passo pelas bandas de Serra
Sul, em Canaã dos Carajás e, aí, sim, poderá até desvendar os segredos
da Serra Leste, em Curionópolis.
DILEMA
Para a Vale, não é fácil
lidar com o mercado de commodities, sobretudo do minério de ferro, cujo
preço anoitece, mas não amanhece o mesmo. Antes de pôr em prática o
plano B, de expandir as minas de N4 e N5, a mineradora viveu um dilema:
ou esgotar o minério das cavas em operação e deixar um pouco de recursos
para alimentar nem que fosse a curiosidade de gerações futuras; ou
expandir as minas para exaurir tudo em Serra Norte e se mandar sem
remorso.
Se optasse pela primeira alternativa, o minério de
Parauapebas sobreviveria apenas até 2017, com sucessivas baixas até
exaurir totalmente em 2024. A partir daí: desemprego; todos descendo de
Carajás; queda na arrecadação; final de royalties; e cada um
(mineradora, prefeitura e trabalhadores) procuraria tocar sua vida.
Ao optar pela segunda alternativa, a indústria extrativa ganha sobrevida
porque as reservas inferidas dos corpos N1, N2, N3, N6, N7, N8 e N9
passarão a ser lavradas e anexadas aos Enes (4 e 5) em produção
atualmente. O maior dos Enes anexos, no entanto, só tem minério estimado
para cinco anos e meio. É N1, com 854 milhões de toneladas.
Logo, a
sobrevida produtiva, no cronograma da Vale, é de apenas dez anos, a
partir de 2017. Ou seja, as minas de Serra Norte deverão se exaurir em
2027. E até 2036, entre os acabamentos finais dos restinhos e o plano de
recuperação das áreas mineradas, nada mais haverá, a não ser um fosso
social de proporções desconhecidas em Parauapebas, caso o município não
deixe de gravitar à sombra da mineração e saiba aproveitar as benesses
que essa base econômica ainda dá conta de oferecer no presente.
No
próximo texto, você saberá a dimensão do impacto da exaustão das minas
de Serra Norte para as contas do município de Parauapebas, conforme um
estudo encomendado pela Vale.
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