TRANSAMAZÔNICA
- O DESCASO DO GOVERNO FEDERAL
... Nos meses de seca,
a estrada fica mergulhada na poeira. No período de chuva, que vai de
outubro a
março do ano seguinte, veículos atolam constantemente e linhas de ônibus
param
de circular em vários trechos.
Por: Cirineu Santos / Uruará - Pará
Fotos: Jamilson Pones - Byllo Silva - Stéfanny
Sousa Santos e Cirineu Santos
É preciso que o governo Federal, o
governo
do Pará e os deputados estaduais, federais e senadores resolvam o
problema da
falta de asfalto na rodovia Transamazônica, especialmente entre os
municípios
de Medicilândia a Itaituba. Os motoristas e a população agradecem.
Basta caírem às primeiras chuvas
na região
para que partes da rodovia – sem asfalto – se transformem em um
verdadeiro Deus
nos acuda para os motoristas, especialmente os de caminhões e carretas.
Os caminhoneiros já se adaptaram
ao ciclo
infernal. Caminhões e carretas só sobem a ladeira puxados por trator,
isto é,
quando aparece um no local. Além de a ladeira ser empinada, há muitos
buracos
na área por causa da chuva e isso acaba provocando excesso de lama. Com a
lama,
os veículos pesados patinam, atolam e não conseguem trafegar. Os
atoleiros
tornam o frete tão caro que muitas vezes não vale a pena fazer o
transporte.
Quem insiste acaba por enfrentar um rali na selva.
Tem motorista que se arrisca a
passar por precárias
pontes. Faz parte de sua rotina passar noites em atoleiros à espera de
um
reboque. O asfalto só existe em trechos esparsos e a sinalização é um
luxo
inexistente.
Caras
autoridades, a população clama e
desabafa seus anseios em suas páginas das redes sociais. Veja o relato
de
centenas de pessoas que trafegam na rodovia:
“Imagine você em um desses
caminhões,
depois de um dia inteiro atolado e passando fome e sabendo que vai
passar a
noite nesta situação, no frio, todo sujo de barro vermelho, acordado ou
dormindo de mal jeito... já imaginou? então comece a planejar... comece a
agir...”
“Cadê os milhões de reais que
dizem que o
governo federal liberou por diversas vezes, para a pavimentação destas
rodovias
tão importante para o escoamento da produção do centro/sul do país, por
meio do
porto de Santarém”,
“BR 230
– Transamazônica - PA em 2014. Olha
que o quiabo perdeu longe...”
“ISSO É
BRASIL, O PAÍS DA COPA - Por motivo
cultural alguns países são mais preocupados em estruturar seu próprio
País, do
que ficar a espera de uma Copa do Mundo. Sem copa ou com Copa a China
cada vez
mais cresce, se desenvolve, não apenas para melhoria nas rodovias a
utilização
para transporte de carga e sim para aumento quanto ao turismo, pois, com
boas
estradas existem uma melhor demanda de turistas para o País”.
Da
revista Sustenta
Um dos
mais ricos e importantes
ecossistemas do planeta, a Amazônia, ainda sofre pela falta de
comunicação,
tanto física quanto tecnológica, a que está submetida. Com 40 anos, a
estrada que
prometia ser parte da solução para esse dilema que afeta o
desenvolvimento da
região se tornou parte do problema. Com a meta de atravessar de leste a
oeste a
maior floresta tropical do mundo, a Transamazônica (ou rodovia BR-230),
teve
seu projeto lançado durante o governo Médici em 1970.
Teria
início com a construção de duas vias,
uma saindo de João Pessoa (PB) e outra de Recife (PE), e as duas se
uniriam em
Picos (PI), chegando finalmente a Boqueirão da Esperança (AC). Nesse
ponto
final, localizado no estado mais a oeste do País, estaria um caminho
prático e
rápido para escoar a produção brasileira pelo Peru até o Oceano Pacífico
e
conectar mais facilmente, assim, a Amazônia ao mundo.
Hoje,
décadas depois, a situação dos povos
e do meio ambiente ao seu redor são tão alarmantes que a rodovia já foi
rebatizada de “Transamargura” e “Transmiseriana”. Não à toa: com cinco
mil
quilômetros (dos oito mil previstos inicialmente) construídos, a estrada
equivale a uma porteira escancarada para problemas socioambientais, como
violência rural, desmatamento desenfreado e, principalmente, obstáculos
ao
desenvolvimento das comunidades e pequenos proprietários – público, ao
menos no
papel, que seria beneficiado primordialmente com a construção da
rodovia.