No Rio de Janeiro a orla da praia de Copacabana foi tomada por cerca de 10 mil manifestantes, segundo a PM
Centenas de milhares de pessoas saíram
às ruas pacificamente neste domingo (12) em 24 Estados e no Distrito
Federal para protestar contra o governo da presidente Dilma Rousseff e a
corrupção, em atos mais dispersos e com um número total menor de
participantes em relação às manifestações realizadas em março.
A Polícia Militar estima que
aproximadamente 680 mil pessoas protestaram neste domingo, no segundo
dia de manifestações em âmbito nacional contra o governo em menos de um
mês. Os organizadores, porém, calcularam a participação de 1,5 milhão de
pessoas, segundo dados compilados pela mídia local.
Em São Paulo, a estimativa da Polícia
Militar é de que 275 mil pessoas protestaram na avenida Paulista,
tradicional ponto de concentração de protestos da cidade, enquanto que o
Instituto Datafolha afirmou que o ato reuniu 100 mil pessoas ao longo
do dia na importante via da capital paulista.
Para os organizadores, 800 mil pessoas
aderiram ao movimento na Paulista. Na manifestação realizada em 15 de
março, a PM estimou que um milhão de pessoas participaram do protesto na
cidade, enquanto o instituto Datafolha calculou em cerca de 210 mil.
Um comboio com cerca de 120 caminhões,
segundo a PM, ostentando bandeiras contra Dilma, também se juntou ao
protesto em São Paulo, mas foi impedido de acessar a avenida Paulista
por questão de segurança.
Na capital de São Paulo os organizadores acreditam ter reunido 800 mil pessoas na Avenida Paulista
No interior do Estado, as manifestações
aconteceram principalmente na manhã deste domingo em cidades como
Campinas, Ribeirão Preto, Guarulhos e no Grande ABC.
No Twitter, partidários de Dilma
manifestaram sua contrariedade às manifestações deste domingo, e a
hashtag #AceitaDilmaVez já era a mais citada, segundo a lista de
principais tópicos discutidos no site de microblog.
O Palácio do Planalto disse que não
comentaria os protestos deste domingo, ao contrário do que ocorreu em
março, quando os ministros Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da
Presidência, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foram
escalados para comentar os protestos.
No Rio de Janeiro, o protesto realizado
na orla da praia de Copacabana teve a adesão de 10 mil pessoas, segundo a
Polícia Militar, que estimou que 15 mil pessoas foram às ruas no
protesto de março.
Houve um princípio de tumulto neste
domingo quando um homem com a bandeira do PT foi hostilizado e precisou
ser escoltado pela polícia no Rio. Também houve protesto no interior do
Estado.
Além de pedir a saída de Dilma, os
manifestantes também enalteceram o trabalho do juiz federal Sergio Moro,
responsável pelo inquérito da operação Lava Jato, da Polícia Federal,
que investiga um esquema de corrupção envolvendo a Petrobras,
empreiteiras, partidos e políticos.
“Esse governo é um absurdo de corrupção,
fraudes e irregularidades. As pessoas vêm para a rua para mostrar que
não aguentam mais tanta maracutaia e para o governo que não somos
cordeirinhos. Temos opinião e senso crítico”, disse a aposentada Sueli
Seixas.
Em Belo Horizonte, cerca de 2,5 mil
pessoas protestavam em frente à Praça da Estação. Manifestações menores
também eram registradas no interior do Estado.
Em Brasília, o ato se concentrou na Esplanada dos Ministérios e terminou com caminhada até o Congresso Nacional
Aécio Neves, presidente nacional do
PSDB, principal partido de oposição, não participou dos protestos, mas
emitiu uma nota de apoio às pessoas que voltaram às ruas para
“legitimamente manifestar seu repúdio e indignação contra a corrupção
sistêmica que envergonha o país”.
Em Brasília, o protesto reuniu cerca de
25 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, bem menos do que as 45 mil
que participaram do protesto de março. Organizadores estimaram em cerca
de 40 mil a adesão neste domingo.
O ato se concentrou na Esplanada dos
Ministérios e no fim da manhã os manifestantes foram até o Congresso
Nacional, onde gritaram palavras de ordem contra a presidente Dilma com
ajuda de carros de som. Apesar da manifestação pacífica, a polícia
afirmou ter detido duas pessoas por embriaguez e tentar interromper o
tráfego.
“Dilma está pisando em ovos. Seu futuro
depende do caso Lava Jato. Ela vai ser responsabilizada. Ninguém
realmente espera que ocorra o impeachment, porque grande parte da classe
política também está envolvida, mas a pressão popular pode forçá-la a
renunciar”, disse Cristia Lima, ativista do grupo anticorrupção chamado
BCC.
O Movimento Brasil Livre, um dos grupos
que convocaram as manifestações deste domingo, defende o fim da
corrupção e da impunidade, e tem entre seus slogans o pedido de
“impeachment já”.
Segundo uma pesquisa Datafolha publicada
no sábado, 63% apoiam a abertura de um processo de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff. O Datafolha também mostrou que a rejeição à
presidente parou de crescer, mas ainda está num patamar muito elevado.
O levantamento mostrou que 13% dos
entrevistados acreditam que Dilma faz um governo bom ou ótimo, mesmo
percentual da pesquisa anterior, enquanto que 60 por cento consideram o
governo ruim ou péssimo, 2 pontos abaixo da pesquisa anterior. A margem
de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.
Dilma se junta a outros dois presidentes
que enfrentaram protestos populares no período da redemocratização:
Fernando Collor de Mello, que acabou sofrendo impeachment, e Fernando
Henrique Cardoso.
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