segunda-feira, 26 de março de 2012

Da segurança da urna eletrônica



Em testes de segurança promovidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na semana que se finda, uma equipe de mestres em Ciências da Computação da Universidade de Brasília (UnB) conseguiu burlar recursos de segurança da urna eletrônica.


Os testes fazem parte de um programa do TSE para avaliar e atualizar falhas de segurança nos códigos do programa que alimenta a urna eletrônica.

> Em condições normais não é possível repetir o que os mestres da UNB conseguiram

A imprensa logo alardeou que o sigilo da urna eletrônica havia sido quebrado e correu o Brasil a notícia de que era possível fraudar a votação.

Não é verdade: o que os mestres conseguiram foi, de posse do código fornecido pelo TSE, montar um script (motor operacional) que entregava a sequência de votação e isto por si só não lhe quebra o sigilo.

Para quebrar o sigilo da votação (e não fraudar a votação) seria necessário que os mesários entregassem a lista dos eleitores na ordem em que votaram. Confrontando a lista com a sequência da urna, descobrir-se-ia quem votou em quem.

> Mesmo que fosse possível não seria fraudada a votação e nem o seu resultado

Caso a operação fosse concluída, tratar-se-ia de quebra do sigilo do voto (descobrir em quem o eleitor votou) e não fraude à votação, como alguns entenderam devido às dúbias manchetes disparadas.

> Um cenário improvável

Um cenário para a quebra de sigilo da urna seria o seguinte: após a votação, um determinado candidato resolve descobrir quem votou nele em determinada sessão.

O candidato teria que, em primeiro lugar, subornar a pessoa no TSE que tivesse acesso ao código do programa que alimenta a urna (não deve ser o agente de serviços gerais) e receber o programa.

De posse dos códigos, o candidato teria que subornar os mesários para ter a posse da urna e da lista de votação.

Ato contínuo teria que contratar uma equipe de mestres em Ciência da Computação para, de posse do código, da urna e da lista, tentarem chegar ao mesmo resultado que chegaram os mestres da UNB.

É muito trabalho e muita improbabilidade para matar uma curiosidade.

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